domingo, 15 de novembro de 2009

deu em outro Blog...

Você sabe o que significa REALENGO? Qual a origem desse estranho nome?

Dom Pedro I costumava ir para a fazenda de Santa Cruz pela estrada Real de Santa Cruz, que passava pelo Real Engenho, onde muitas vezes pernoitou.

"Engenho" era uma palavra muito grande. Assim a abreviatura usada era "Engo". E ficou "Real Engo" nas placas de orientação utilizadas na época.

Mas essa teoria é contestada por Brasil Gerson em "História das Ruas do Rio".

Na página 405 da 5ª edição deste utilíssimo livro encontramos:

"Não são poucos (e alguns de alta categoria intelectual) os que pretendem ver em Realengo um diminutivo, uma abreviação de Real Engenho. Porém, o manuseio dos documentos antigos, dos pedidos de sesmarias, principalmente, nos convencerá de que essa é uma teoria sem fundamento nesse particular, tal a insistência com que neles se fala de terrenos e campos realengos, destinados à serventia pública, e em maior número para a pastagem do gado por parte dos que não possuíam para isso terras próprias, e esses campos eram tanto onde ficaria sendo o Realengo dos nossos dias como perto da Igreja de Irajá, onde já os antepassados do Juca Lobo da Penha e outros criadores haviam protestado por causa de uma sesmaria dada a Manuel da Costa Figueiredo em terras que não podiam deixar de ser realengas..."

Consultando o Aurélio:

REALENGO - Bras. RS Sem dono; público. Em desordem; entregue às moscas; abandonado: Saiu, deixando o escritório ao realengo. [Do lat. vulg. *regalengu.]


Aquele Abraço

J. Carino

Atravesso o Rio como numa aventura. Deixo para trás uma cidade emparedada e me lanço em direção ao subúrbio. A Avenida Brasil me cobra uma pressa que eu não teria; me obriga a navegar rápido num mar de automóveis; não me deixa olhar com vagar essa estranha transição entre dois mundos que convivem na mesma cidade.

Aos poucos, a luz muda, a paisagem se transforma. Os prédios aglomerados cedem lugar às casas, essas singularidades arquitetônicas hoje cada vez mais escassas. E, no subúrbio, resiste-se à ditadura de uma homegeneização arquitetônica: uma puxadinha aqui, para abrigar mais um parente, um andar a mais para acolher a filha que casou…

Muitas casas, moradias eternamente inacabadas, em que a falta de emboço escreve nos tijolos aparentes a história da permanente falta de dinheiro.

Chego ao meu destino: Realengo. Na larga avenida, os muros altos e compridos a não mais poder escondem os quartéis, lugares sérios e proibidos ao menino que só queria não perder sua pipa ou seu balão.

Sim, ainda há pipas e balões no subúrbio. Essa humanidade profunda contida nas brincadeiras infantis; no cansaço nunca sentido depois das longas “peladas” jogadas em campinho de várzea; no sabor da fruta madura roubada dos quintais; no cheirinho que sobe depois da chuva nas ruas de terra – tudo isso está lá em Realengo, convivendo com o progresso, que invade, célere e inevitável, os redutos suburbanos.

Lá estão as moças bonitas, o papo no bar da esquina, e essa figura tão rara em outros cantos da cidade: o vizinho. Está lá esse ser da casa ao lado, da mesma rua. Esse alguém que empresta ovos e açúcar; que ajuda no mutirão da construção da casa. Essa pessoa que vai entrar na família, virando compadre, virando nora ou genro, chegando e ficando para sempre, dando alma e corpo à amizade.

Realengo está lá, e vale a pena saber que os bairros lá estão, cheinhos de gente muito boa, cuja pele sua no trabalho como escorrem as gotas na garrafa da “loura gelada”.

Volto de alma nova. E cantando com o Gil: Alô, alô, Realengo! Aquele abraço!


J. Carino é professor universitário

fonte: A postagem original é neste link, muito interessante,
http://www.almacarioca.com.br/realengo.htm

sábado, 14 de novembro de 2009

Realengo pelo Professor Sinvaldo Nascimento Souza

A palavra "realengo" tem a sua origem no latim vulgar "realengu", e tanto pode significar aquilo que pertence ou é relativo ao rei ou a realeza ou próprio dele ou dela, como também aquilo que é publico, "sem dono". O saudoso professor Helton Veloso, fundador do Colégio Belizário dos Santos, de Campo Grande, que era também um pesquisador da Historia da Zona Oeste, preferia explicar a denominação do geonomastico como junção da palavra "real" com a abreviatura de "engenho" (Eng°), bastante usual nos séculos passados. Realengo fazia parte da jurisdição da Freguesia de Nossa Senhora do Desterro de Campo Grande desde a sua criação em 1673. Somente em 1926, com a assinatura do Decreto n° 2.479, de 11 de novembro, foi instituído oficialmente o distrito de Realengo.

As terras realengas

As chamadas terras realengas eram públicas. Não podiam ser doadas como foram sesmarias de Cristovão Monteiro, em Santa Cruz, que passaram a propriedade da companhia de Jesus. Eram "realengas", e por isso mesmo destinavam-se à engorda do gado. Ainda assim. "alguns terrenos já haviam sido invadidos por particulares antes de 1660, ano em que os provimentos de Correições definiram como bens do Conselho para uso público e Campo Grande e o Campo de Irajá, conforme Fania Fridman, em seu recente livro "Donos do Rio em nome do Rei - Uma historia fundiária da cidade do Rio de Janeiro" . em co-edição da Zahar com a garamond. " O Alvará é bom que se entenda, era uma espécie de resolução soberana referendada pelo ministro competente a respeito de negócios públicos ou particulares, em geral de efeito temporário. O termo colativo referia-se ao beneficio eclesiático vitalício da então Freguesia Nossa Senhora do Desterro a qual jurisdição estavam inclusas as terras realengas. Estas não poderiam ser alienadas e muito menos transmitidas aos herdeiros, no entanto ficava autorizada a venda em leilão publico com preços estimados judicialmente. Ainda de acordo com Fridman, " pela provisão de 18 de Julho de 1814 e pela portaria de 29 de dezembro de 1815 foram conservadas as casas e terrenos de dez famílias nas terras realengas. Nesta época estabeleceram-se vendas e ranchos até que, em Agosto de 1825, a Câmara, preocupada com os abusos, mandou realizar um vistoria e concordou em manter somente aqueles que pudessem apresentar seus títulos ou que estivessem á beira da estrada, pelo lado direito. Ficou determinado que: 1) seus terrenos não poderiam exceder 30 braças de testada com vinte de fundos; 2)não seriam permitidas novas invasões; 3) houvesse um intervalo de cinquenta braças entre os moradores; 4) este intervalo deveria ser mantido limpo; 5) o foro seria fixado em 200 réis para cada braça de testada. destaquemos que foi mantida a posse de Francisco Joaquim de Menezes , com 65 braças de testada por 50 de fundos, e proibida a utilização para pastagem da parte da sesmaria localizada na Capoeira". O livro de Fania Fridman vem ilustrado com varias plantas de Realengo.
Que nos possibilita visualizar a evolução urbanística daquela área da atual Zona Oeste, que já no inicio da segunda metade do século XIX, iria ocupar um papel destacado no cenário militar. "Em 1857, estas terras, de meia légua e reservadas para pastagem, tornaram-se propriedade da Câmara Municipal. Uma comissão constituída para realizar um planta estabeleceu que todos os foreiros deveriam tirar novas cartas. Foi verificado que 19 prazos possuíam 30 braças de testada, oito com frente variando entre 60 e 130 braças e os demais medindo apenas de 5 a 28 braças. o governo comprou algumas posses para a construção de um aquartelamento militar. o Campo do Marte onde incluía uma Escola de Tiro e a Imperial Academia Militar, estabelecido em 1859. O Realengo foi retalhado, dividindo em quadras regulares estabelecidas ao redor de dois campos e nestas mas os terrenos foram aforados. (...) O Ministério da Guerra construiu um chafariz e encanou a água do Rio Piraquara até o centro do arraial. (...)

“O processo de ocupação transformou o Realengo de Campo Grande em uma zona militar cujo ápice foi o estabelecimento da Escola Preparatória e de Tática e do 1º Batalhão de Engenheiros em 1897. No Largo foram construídas moradias dos operários da Fábrica. Esta mudança de uso, de um povoado agrícola para uma localidade residencial, industrial e de serviços, implicou um processo de urbanização e de valorização fundiária cuja marca foi a de Ter sido empreendido pelo Estado”, acrescenta Fridman.

A Escola de Tiro de Campo Grande

Na verdade deveria chamar-se Escola de tiro do Realengo ( ou pelo menos do Realengo e Campo Grande), uma vez que suas instalações se encontravam nas proximidades do Campo do Marte. Este estabelecimento militar, criado em 1859, fazia parte da pequena rede escolar do Exercito e tinha como finalidade " ensinar o jogo e o tratamento das diferentes armas de fogo e a adestrar oficiais e soldados nas regras práticas do tiro", conforme Decreto 2.42, de 18 de maio de 1858, citado por Jehovah Motta, no livro "formação do Oficial do Exército". O autor desde a metade do século XIX, os nossos chefes militares, ou pelo menos alguns deles, sentiram com acuidade o problema do ensino militar, quiseram no prático e objetivo, bem amarrado a sua destinação especifica" " Assim foi quando imaginaram e criaram a Escola de Tiro de Campo Grande, destinada a fazer tenentes e sargentos conhecedores do armamento e hábeis no tiro, capazes portanto, de como instrutores e monitores, elevar o nível de adestramento da tropa." A Escola de Tiro de Campo Grande encerrou suas atividades em 1865, no mesmo ano em que a Escola Militar da Praia Vermelha ficava reduzida apenas ao curso preparatório, talvez em decorrência aos esforços de guerra, tendo em vista o inicio do conflito com o Paraguai, que somente terminaria cinco anos depois.

Escola Preparatória e de Tática do Realengo

Foi inaugurada em 5 de Junho de 1898. Era destinada ao ensino teórico e prático do curso preparatório para a matricula na Escola Militar do Brasil, sendo frequentada por oficiais e praças de pré do Exército. De acordo com Jehovah Motta, " O pouco que se conseguiu no fortalecimento do ensino técnico-militar e, não correu por conta da Escola Militar do Brasil e sim pelas escolas "preparatórias e de tática" , no Realengo e no Rio Pardo. Não que nestas o "ensino prático" tivesse atingido elevado grau de eficiência, mas de qualquer forma algo se fazia. "O General Leitão de Carvalho foi aluno no Realengo, entre 1898 e 1900, e assim depões. "Sem que atingissem o nivél desejado, as atividades escolares, no 2° ano, melhoraram sensivelmente. Recebendo armamento, o Corpo de Alunos assumiu caráter militar. Começamos a praticar o tiro ao Alvo. Isso sem preparação prévia quanto ao conhecimento do manejo e das qualidades balísticas da arma. O ensino prático pouco a pouco foi tomando forma, com a introdução de algumas novidades, além dos exercícios de ordem unida, completados por marchas e evoluções - mudanças de posição dos elementos constitutivos das unidades, sem objetivo tático - espécie de quadrilha , sem os pares e a música. Uma dessas novidades foi a esgrima de baioneta". (citação de Leitão de Carvalho in "Memórias de um Soldado Legalista v.1. p.22-25). Sobre o prédio onde funcionava a Escola preparatória e de tática do Realengo, Noronha Santos observa: "Funciona em um belo edifício no Campo de Marte, há poucos anos constuido para o quartel de infantaria. Possui vastas acomodações: tem 90,52 m de frente e 101,60m de fundos. O portão principal tem 2,50 m de largura. Situada a direita do leito da estrada de ferro, do lado oposto da estação do Realengo. No edifício da Escola a linha da estrada distam 22.50m.
No pavimento térreo, ficam, para o campo exterior, treze janelas em cada lance, e no pavimento superior, cinco janelas de sacadas. Todo o estabelecimento é iluminado a luz elétrica, existindo no pátio um grande foco de luz. Antes de ser criada a Escola Preparatória e de Tática, esteve aquartelada nesse edifício a Escola de Tiro, extinta em 1897, por ato do governo. As quatro companhias de alunos ocupam igual número de alojamento, ficando do lado direito do edifício a 1ª e 2ª companhias e do lado esquerdo a
3ª e 4ª companhias. Durante a revolta aquartelou no edifício um contingente de guardas nacionais".

O autor das notas do livro " as Freguesias do Rio Antigo vistas por Noronha dos Santos", Paulo Berger, acrescenta que , "com a eclosão , em 14 de novembro de 1904, de um movimento sedicioso politico-militar originário na escola Militar do Brasil da praia Vermelha, por motivo da decretação da vacina obrigatória pelo Governo, e com apoio de grande parte dos alunos da Escola Preparatória e tática do Realengo, houve um colapso nesta instituição de ensino militar, dando-se o seu encerramento."

Posteriormente - acrescenta Berger - , impõe-se a reorganização imediata do ensino militar, e pelo Decreto n° 5.698, de 2 de Outubro de 1905, transforma-se a Escola Preparatória e de Tatica do Realengo em Escola de Artilharia e Engenharia, Escola de Aplicação de Cavalaria e infantaria, e Escola de Aplicação e Engenharia. Em 1911 a Escola de Guerra de Porto Alegre, é transferida para o Realengo, com extinção da Escola de Aplicação de Infantaria e Cavalaria.”

Recordações do Realengo

O General Lobato Filho, autor do livro "A Ultima noite da Escola Militar da Praia Vermelha", dedica uma boa parte da sua obra para falar do Realengo, o qual trata como "triste subúrbio", "Ao chegarem ao Realengo começavam as despedidas. Surgia, então, um pouco de sentimentalismo. Aquela despedida aos velhos companheiros do Realengo era feita sob forte emoção e fazia nascer no intimo do novo cadete do curso superior uma grande saudade. Era como se os cadetes, ao deixarem a Escola preparatória, a absolvessem de dotas as maldades que ela lhes houvesse feito. " Daquele momento em diante o novo cadete da Praia Vermelha passava a ter recordações da vida um pouco menos brilhante, mas nem por isso desinteressante, passada nas Escolas Preparatórias. ninguém poderia esquecer, por exemplo, a noite silenciosa, de luar prateado, no Realengo, em que, altas horas, mesmo de madrugada, quebrando a solidão daquele triste subúrbio, vem chegando até a Escola os sons dolentes e muito sentimentais de uma linda serenata (o violão, a flauta e a voz harmoniosa do trovador, ouvidos muito de longe, lá do fim de uma daquelas estradas vindas da Serra do Barata, do lados de Bangu ou de outros lugarejos onde se realizara algo de interessante para a mocidade, e vem se aproximando vagarosamente da Escola, remexendo os corações dos cadetes os quais, muito mais amigos da Álgebra, da geometria e da Trigonometria do que dos violões, das flautas e dos trovadores, terminando os seus estudos da noite, estavam já mergulhados em sono profundo."

Mais adiante, Lobato Filho faz a pro-memória dos passeios pela antiga Zona Rural: "Muitos guardariam também recordações dos adoráveis piqueniques na Caixa D´água ou na velha fazenda do Gericinó que naquele tempo era somente uma velha fazenda, pois ainda não fora transformada no vasto Campo de Instrução. Para esses passeios aproveitavam-se as combinações de dias feriados e domingos e lá saiam, geralmente alta noite, as grandes caravanas conduzindo os enormes volumes chamados "pianos", contendo aprovisionamentos que eram conseguidos na própria Escola, com autorização do Comando, por conta das etapas dos componentes dos piqueniques. Eram gozados em Gericinó dias de vida campestre, livres das formaturas e, sobretudo, do famigerado toque de lavatório das 4 1/2 da madrugada. os piqueniques levavam sempre uma turma de seresteiros."

"Outros guardariam saudosas recordações das Repúblicas espalhadas pelo Realengo, formadas pelos felizardos cadetes que logravam um desarranchamento e permissão para residir fora da Escola. Eles ostentavam nomes impressionantes: Cabana de Arakém, de visitas e alegres palestras nas horas de descanso e aos domingos."

" O Realengo - continua Lobato Filho - não possuía esse benéfico aspecto (referindo-se ao orgulho manifestado pelos cadetes de Rio Pardo, ao reencontrarem seus notáveis professores na Praia Vermelha), pois eram um lugar onde não se formou nunca uma sociedade de famílias civis nem militares, não obstante existirem ai três grandes estabelecimentos: a Escola, a Fabrica de Cartuchos, o 1° Batalhão de Engenharia. Mas os respectivos professores, oficiais e funcionários residiam na cidade e só permaneciam no Realengo durante as suas poucas horas de trabalho. O Realengo era uma espécie de lugar indesejável", acrescenta o autor.

Mesmo diante dos cáusticos comentários sobre o Realengo, o autor de "A ultima noite da Escola Militar da Praia Vermelha", reserva algumas passagens do seu livro para falar de passagens pitorescas, durante a sua jornada trienal na antiga Escola Preparatória do Realengo.

Merecem um parágrafo especial, no que se refere ás recordações do Realengo, certos fatos talvez um tanto escabrosos que muitos cadetes haviam de querer varrer do espírito, considerando-os como ocorrências do passado, mas que não deixaram de se apresentar, no momento em que as reminiscências não se escondem.

" Uma dessas coisas um tanto escabrosas era o Miguel das Laranjas ou Miguel das Suissas, com as suas dezenas de cadernos de contas velhas e novas, mas todos sabiam que os seus prejuízos não eram muito avultados pois já havia ele acrescido ao preço do custo uma bem grande percentagem de lucro. Ademais, O Miguel gozava das boas palestras dos cadetes.

Outra, era o Sans Souci, o célebre e restaurante do Mário que depenava os cadetes com os seus preços arbitrários; mas o Sans Souci era uma defesa contra o rancho da Escola." Quem também se refere ao Restaurante Sans Souci, é João de Abreu Lins, no seu livro intitulado "Memórias do Realengo", editado pelo Governo do Estado de São Paulo, em 1984.

" Era um restaurante modesto de subúrbio, localizado próximo da Escola, o qual ficava superlotado de cadetes depois das 17 horas e 30 minutos, após a liberação dos portões da Escola Militar diariamente." "Parecia uma festa àquela hora, as mesas do Sans Souci ficavam cheias de cadetes que ali iam saborear um copo de vitaminas, uma sobremesa, ou mesmo uma bóia diferente do rancho da Escola."
" A algazarra da cadetada se misturava com o som permanente do rádio que ficava no alto tocando as musicas, sucessos carnavalescos de Carmem Miranda, Orlando Silva, Noel Rosa e Francisco Alves.

"Alguns cadetes ficavam de pé na "piruação" e uma vaga nas mesas e todos conversavam animadamente num vozeiro infernal.

" O saguão era ligado a cozinha por uma abertura na parede, por onde iam sendo recolhidos os pratos com as iguarias da casa, entre elas o "completo" que constava de : arroz, batata frita, um suculento bife e em cima dois ovos fritos.
" Esta especiaria da casa era muito apreciada pelos cadetes, e custava naquele tempo apenas 3 mil réis.
" Sempre que o cadete pedia um completo, pedia em seguida o acompanhamento, ou seja meia garrafa e cerveja Malzibier ou uma caneca de vinho rio Grande do Sul".

" O dono do restaurante, Seu Martins", era um português legitimo de grossos bigodes e muito vermelhão que sempre estava atrás da da "registradora" faturando e fazendo o troco.

"Naquele ambiente de descontração os cadetes faziam as suas irreverências, os seus comentários sobre os "frangos", sobre os fatos ocorridos naquele dia nas aulas ou nas instruções, faziam seus planos, seus coméntarios sobre mulheres era a hora do desabafo do cadete." E por falar em mulheres, vale ainda transcrever mais um trecho do livro do -general Lobato Filho, durante o seu " internato" na Escola do Realengo.

" Agora a D. Joaquina ! Mantinha ela com os jovens preparatorianos, não com todos mas com muitos, um comércio de certa mercadoria de que eles não se podiam ir prover na cidade, não só por falta de tempo como porque ali era muito mais cara essa mercadoria indispensável à vida.

“D. Joaquina não tinha empregadas: ela era só na tarefa. Rústica e sem nenhuma compreensão das coisas, a Joaquina parecia Ter idéia de oficializar o seu comércio, pois em certa ocasião, conseguiu iludir os contínuos e chegar até à presença do Comandante, para queixar-se de que era pela "ônzima" vez (11ª) que o cadete Maribondo ia ao seu estabelecimento e não lhe pagava as contas. “Cá está o caderno, Sr. General, saiba V. Excia., que eu vivo disso e está ele a atrapalhar-me o negócio ! (...)
D. Joaquina tinha uma concorrente no mercado clandestino de mercadoria barata e a crédito. Era a Madame Lafitte. A afluência às feiras dessas humanitárias mercadoras (aqueles Bacuraus, como em Recife se denominam as feiras noturnas), era tão volumosa que já a esse tempo, quase formavam filas.

Assim, sob as saudades criadas por mil recordações, iam os novos cadetes, cheios dos projetos, esperanças e sonhos, empreender um prélio acadêmico, na tradicional Escola da Praia Vermelha e todos fixavam um primeiro objetivo - o prêmio de Alferes - aluno, que se achava como que situado no alto de uma escarpa íngreme, áspera e de difícil acesso", conclui Lobato Filho.

A vida dos cadetes do Realengo não era só brincadeira, estudos e irreverências. A Escola em diversos momentos, teve uma presença marcante da historia brasileira, posicionando-se ao lado das forças populares, como em 1904, durante a Revolta da Vacina e em 1922, protestando contra o Governo do presidente Artur Bernardes.

Realengo também serviu como uma espécie de laboratório do Exercito. Tanto para as experiências práticas, como teatro de operações para os treinamentos militares de 1884, sob o comando do Conde D'Eu e outros exercícios semelhantes realizados nas primeiras décadas do período Republicano, como também para adaptar-se às novas teorias militares introduzidas a partir das missões európéias, em particular sob a orientação francesa, prussiana e germânica.

A chamada "Era do Realengo" vai durar até o ano de 1944, quando começa a funcionar o primeiro curso da Academia Militar das Agulhas Negras, no município de Resende.

Sinvaldo do Nascimento Souza

fonte: Região Administrativa de Realengo, confirmado o texto com o próprio autor por email e também no link http://hgpaulo.com/ramaldesantacruz/realg.htm

Trio Ternura

Um grupo vocal de Realengo, que deveriam estar no livro de recordes! Afirmamos isto, porque quem teve a honra de receber o prêmio de vencedor duas vezes seguida nos festivais da canção?
Eles tiveram esta honra..primeiro acompanhando Tony Tornado, na interpretação de " Br3 " e depois sozinhos no ano seguinte com Kyrie.

BR-3 e Tony Tornado - 1970


V FIC - 1970
BR-3, fez mais do que vencer. Confirmou o prestígio da dupla Antonio Adolfo e Tibério Gaspar que há vários festivais ameaçava o primeiro lugar e lançou Tony Tornado.





Acompanhado pelo Trio Ternura, Tonylevantou o público do Maracanãzinho e venceu a maratona da canção.


Trio Ternura - 1971

Uma canção de Marcelo Silva e Paulinho Soares, representou o Brasil no VI FIC. Kyrie, foi interpretada pelo Trio Ternura (Jurema, Jussara e Robson) e com um estilo meio barroco, se destacou por ser considerada bastante diferente das concorrentes internacionais.
O trio se apresentando Kirye no VI FIC.



Em um momento da carreira eles tiveram o privilégio de serem produzidos por um jovem talento da nossa MPB, Rauzito que depois se transformaria no fenômeno Raul Seixas.

vejam aqui a discografia do Trio Ternura.

http://www.jovemguarda.com.br/discografia-trio-ternura.php


Entramos em contato por email com as cantoras, Jussara e Jurema e contam que atualmente trabalham com Ana Carolina.

Mas pedem que uma coisa deve constar no resgate historico de Realengo: O pai delas Humberto Silva (falecido recentemente), é um dos compositores desta musica abaixo, que muito embalou os carnavais de outrora.

ATÉ QUARTA FEIRA
(H. Silva e Paulo Sete - 1968)

Este ano não vai ser
Igual aquele que passou
Eu não brinquei
Você também não brincou
Aquela fantasia que comprei
Ficou guardada
A sua também, ficou pendurada
Este ano, meu bem, tá combinado
Nós vamos brincar separados
Este ano, meu bem, tá combinado
Nós vamos brincar separados
Se por acaso meu bloco
Encontrar o seu
Não tem problema, ninguém morreu
São três dia de folia e brincadeira
Você pra lá, eu pra cá
Até 4ª Feira
Lá, lá, lá, lá, lá, lá,....

fonte: emails trocados com Jussara e Jurema e dados do blog: http://festivaisdacancao.blogspot.com/

Cique neste link e veja a reportagem deles no caderno Zona Oeste de O Globo e Extra.
http://oglobo.globo.com/rio/bairros/posts/2010/03/15/dupla-que-ainda-espalha-ternura-273799.asp

E se desejarem contato com Jusaara Lourenço , ex integrante do Trio, ela é seguidora do Blog e do Facebook  Pró Realengo.

As Pastorinhas de Realengo


Um livro que resgata uma atividade cultural.
AS PASTORINHAS DE REALENGO
autora : Ermelinda Azevedo Paz
FUNARTE / Concurso Silvio Romero 1983
MENÇÃO HONROSA / UFRJ / PROED - Rio de Janeiro 1987


INTRODUÇÃO
O nosso interesse neste grupo de Pastorinhas residiu no fato de havermos morado durante vinte anos em Realengo e termos tido a oportunidade de assistir a seus ensaios e presentações, quando da sua última geração, fazendo parte daquela comunidade e tendo ali, durante estes anos, toda nossa vida social. Conhecíamos todos os integrantes da terceira e última geração. Eram amigas de escola, brincadeiras, jogos, sendo todas da vizinhança.
Quando nos mudamos de Realengo, as Pastorinhas já haviam parado há cerca de dois anos e não sabíamos o quão importante eram, não tínhamos conhecimento de que aquilo que víamos e fazíamos sempre no período de Natal era um folguedo folclórico, um auto natalino, cuja preservação era da maior importância. Com nossas colegas ocorria o mesmo, as Pastorinhas eram uma diversão local. Desconheciam o que vinha a significar folclore, raízes, cultura popular, etc.
Só depois de quatro anos longe de lá tomamos conhecimento do que significavam as Pastorinhas, do ponto de vista social e cultural.
Começamos a pensar em toda aquela realeza nos seus mínimos detalhes e concluímos que aquilo não poderia ficar no desconhecimento, não poderia morrer com sua extinção, sem que ninguém, fora os de lá, soubesse que existiu. Era rico demais, muito importante para ficar apenas na recordação de cada um que ali assistiu ou representou. E foi vislumbrando a possibilidade de, através deste trabalho, ver despertado o interesse para o grupo, embora extinto, de autoridades, Departamentos ou Secretaria de Cultura, que nos pusemos de volta ao passado.
Sentimo-nos na obrigação de fazer alguma coisa, já que éramos os únicos a poder fazê-lo e, então, chamamos a nós o dever de reconstruir tudo a que assistimos.
Procuramos todas as pessoas, as amigas, Dona Guidinha, gravamos todas as músicas, copiamos todos os textos, fizemos e gravamos várias entrevistas e voltamos muito a Realengo para esclarecer fatos pois, à medida que o trabalho ia crescendo, novas idéias iam brotando e constatamos que não poderíamos somente falar das Pastorinhas. Seria necessário também falar do lugar, das pessoas, para que quem nunca assistiu ou soube de sua existência pudesse ter o máximo de dados, visando a possibilidade de construir uma imagem mental à altura do que era feito.
Nosso objetivo em parte foi cumprido, está aqui nas páginas que se seguem. Fica faltando agora o troco que as pessoas de lá bem merecem. Que sejam ajudadas a remontar e a levar ao conhecimento de muitos a preciosidade que até o momento foi privilégio de poucos.

obs: livro disponivél para download em arquivo PDF neste link.
http://usuarios.uninet.com.br/~ermepaz/livros/pastorinhas.pdf

Historias perdidas no tempo. Pioneiros da Aviação.


ASCENÇÃO DE BALÃO - Realengo - 1908
Hoje saimos do eixo Zona Sul - Centro da Cidade e vamos parar, na época, longínqua Realengo na área militar, onde atualmente ainda é.

A foto é um registro desconhecido por muitos dos momentos antes da ascenção do balão pilotado pelo Tenente Justino da Fonseca.

O tenente Justino tinha a ideia de dotar o Exercito Brasileiro de um nucleo de aeroestação, para isso eram necessarios balões. Viajou à Europa para adquirir o material necessário para o Parque de Aeroestação. Especializou-se em navegação aérea e participou de eventos.

De volta ao Brasil, marcou uma demonstração de vôo às autoridade (foto acima), para o dia 20 de maio de 1908 defronte a Escola de Artilharia e Engenharia, em Realengo.

O vôo começou bem com o balão tentando alcançar os previstos 200 metros quando um dos cabos de retenção arrebentou e o balão perdeu o controle alcançando o que se estima uns 1000 metos quando foi levado por correntes de vento à Serra do Barata. O tenente tentou controlar a decida abrindo a valvula de gás mas houve também problemas e a queda foi inevitavel.

O tenente Justino foi a primeira vitima da aviação no Brasil. Foi enterrado no Caju, e hoje seus restos mortais se encontram no Mausoléu dos Aviadores no Cemitério São João Batista.

fonte: http://www.flickr.com/photos/carioca_da_gema/67937531/

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Uma homenagem a Augusto Severo

Pioneiro da aviação mundial teve seu nome em rua santista, em 1902

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Nascido em Macaíba (interior do Rio Grande do Norte) em 11 de janeiro de 1864, Augusto Severo de Albuquerque Maranhão é considerado o "Mártir da Tecnologia Aeronáutica", por ser um dos pioneiros nessa atividade e ter falecido em um acidente aéreo em Paris, em 12 de maio de 1902.

Era filho de Amaro Barreto de Albuquerque Maranhão e Feliciana Maria da Silva de Albuquerque Maranhão, tendo 12 irmãos, destacando-se Pedro Velho (que proclamou a república no Rio Grande do Norte, estado de que foi o primeiro governador) e Alberto Maranhão (presidente desse estado de 1900 a 1904 e deputado federal de 1927 a 1929). O próprio Augusto também foi deputado federal, e conseguiu no Congresso que o governo concedesse uma verba de cem contos de réis para apoiar as experiências de Alberto Santos Dumont.

No Campo de Tiro do Realengo, no Rio de Janeiro, era em 1894 testado o Bartholomeu de Gusmão

Foto: Musée de L'Air Le Bourget

Embora aos 25 anos de idade tivesse projetado o aeróstato Potyguarania, seu primeiro dirigível foi de fato o Bartholomeu de Gusmão (nome em homenagem ao pioneiro santista), construído em 1893 em Paris pela casa Lachambre & Machuron, a mesma que produziu vários balões para Santos Dumont. Tinha estrutura de bambu (por falta de recursos para fazê-la em alumínio), e estrutura rígida, antecedendo de 14 anos a experiência do conde Zepellin no lago Constança (na Suíça). Em 14 de fevereiro de 1894, foram feitos os primeiros testes de ascensão, mas a barca se partiu, danificando a estrutura. O insucesso e o fim da Revolta da Armada, no qual o governo brasileiro pretendia empregar o aparelho, levaram ao abandono do mesmo.

Augusto Severo voltou a Paris em 1902 para acompanhar a construção de um novo dirigível, o Pax, que se elevou no ar pela primeira vez em 12 de maio daquele ano, em testes com o aparelho preso ao solo, no parque aerostático parisiense de Vaugirard. Após dez minutos de evoluções, a 400 m de altura, uma explosão rapidamente destruiu o aparelho, causando a morte imediata do aeronauta e do mecânico Sachê. No local da queda, na Avenue du Maine, existe uma placa de mármore em memória de ambos.

Investigações posteriores indicaram que a falta de recursos financeiros para o projeto levara a algumas substituições que o próprio Augusto Severo considerava perigosas. A barca, projetada originalmente em alumínio, foi feita em bambu, mais pesado, o que tornou necessário aumentar a quantidade de hidrogênio no balão. Uma das válvulas de segurança para compensar o aquecimento do hidrogênio estava sobre o motor, que por sua vez era movido a petróleo, em lugar do motor elétrico previsto no projeto. O hidrogênio comprimido, saindo em jato sobre o motor aquecido, teria causado a explosão fatal.

Na proa, Augusto Severo comanda o balão Pax, tendo na popa o mecânico Sachet

Foto: Musée de L'Air Le Bourget

Matéria publicada no Almanaque de Santos - 1971 (editado pela Ariel Editora e Publicidade, de Santos/SP, em fins de 1970) pelo então jornalista responsável, Olao Rodrigues, registra a homenagem santista a esse pioneiro:

Augusto Severo

Foto publicada nos sites

Inventa Brasil (desativado) e Pioneiros do Ar

Augusto Severo, como se sabe, morreu tragicamente no dia 12 de maio de 1902, quando realizava experiência com o seu balão Pax, em Paris. Subindo do Parque Vaugirand (N.E.: o nome, embora também seja encontrado em outras publicações, é corretamente grafado Vaugirard), o aeróstato incendiou-se a uma altura de 400 metros, precipitando no espaço o arrojado aeronauta e seu companheiro Sachet, mecânico francês, que dirigia as manobras.

Em sua primeira sessão ordinária, após a deplorável tragédia que roubou à Pátria e à humanidade ilustre brasileiro mártir da ciência, a Câmara Municipal de Santos aprovou, por unanimidade, no dia 22 daquele mês e ano, indicação do dr. Francisco Malta Cardoso, então intendente municipal.

Segundo a propositura, a Edilidade contribuía com a quantia de um conto de réis "na subscrição que for iniciada para aliviar a pobreza da desolada família desse nosso ilustre patrício; que a uma das ruas da Cidade, a primeira que se abrir, seja dado o nome de Augusto Severo". E assim nasceu a Rua Augusto Severo, em pleno centro urbano, que vai da Rua General Câmara à confluência da Rua 15 de Novembro e Praça Barão do Rio Branco.

Cartão postal francês, com a partida do Pax e as fotos de Severo e Sachet

Foto publicada nos sites Inventa Brasil (desativado) e Pioneiros do Ar

Augusto Severo em Paris, tendo à sua direita Álvaro Reis (filho do engenheiro Manuel Pereira Reis, que devia também subir no Pax). À sua esquerda, o mecânico Sachet

Foto publicada no site O Pioneiro Esquecido, que reproduz livro de Augusto Fernandes com a biografia daquele pioneiro potiguar


fonte: http://www.novomilenio.inf.br/santos/h0058q.htm

Um pouco sobre o Monsenhor Padre Miguel

MONSENHOR MIGUEL DE SANTA MARIA MOCHON


Nascido em Dilar, Granada na Espanha em 08 de setembro de 1879. Em 08 de agosto de 1888 veio para o Brasil com a família, ficou orfão dos pais em 1892, ficou sob a tutela do Padre julio Clavelin, superior dos Lazaristas. Quatro anos mais tarde foi estudar em Niterói, no Colégio Saleziano, onde ficou até 1898.
Em março do mesmo ano entrou para o Seminário no Rio Comprido. Em 1904, o então Cardeal D. Joaquim Arcoverde o mandou terminar seus estudos em Rouis, Provnce, França.

Ordenou se sacerdote em 29 de junho de 1908 e voltou para o Brasil. Designado Vigário de Realengo em Setembro de 1908, assistindo a fundação da paróquia de Nª Sª da Conceição, em 03 de setembro de 1910. foi vigário desta Paróquia por cerca de 40 anos, onde era muito querido e respeitado. Morreu em 19 de março de 1947, aos 67 anos.

" Meu Testamento "
" Nasci, pobre, vivi pobre e morro pobre.
Sou um pobre pecador.
Ultimamente, com a minha enfermidade, tornei-me muito neurastênico e malcriado. A todos peço que
me perdoem e rezem por mim. O que recebi gastei com a igreja e com os pobres".
Realengo, 07 de março de 1947.







Urna mortuária na Igreja
N.S.ª da Conceição de Realengo

Realengo pelo profº Carlos Wenceslau


Realengo - Afinal qual a data de fundação como pequeno povoado?


Antes, vamos nos situar: A Zona Oeste do Município do Rio de Janeiro originou-se na capitania de São Tomé (doada a Pero Lopes de Souza, em 1534) limitada pelo Estado do Rio de Janeiro que fez parte da capitania de São Vicente (doada a Martins Afonso de Souza, em 1534).

O espaço geográfico da Zona Oeste, na atualidade consiste de 609,5 Km² (48% da área total do município do Rio de Janeiro). Nessa divisão espacial foi limitado o campo desse estudo, a região de Bangu (XVII RA.) composta pelos bairros de Vila Militar, Campos dos Afonsos, Jardim Sulacap, Magalhães Bastos, Realengo, Padre Miguel, Bangu e Senador Camará que corresponde a 122,369km², com uma população de 595.268 habitantes (Censo de 1991 do IBGE). ESTIMA-S 76,1% dessa população é alfabetizada e apenas 2,25% da população tem ensino superior restando 21,7% de população não escolarizada e analfabeta.
A economia da região possui uma rede de 4572 estabelecimentos industriais, comerciais e financeiros destacando-se, nas industriais, os gêneros vestuário, calçados e artefatos de tecidos, metalúrgica, produtos alimentares, mobiliários, editorial e gráfico. O quadro já reverteu, quer em ordens administrativas: desmembramentos educacionais.
O relevo da região é acidentado com locais de baixadas e de planaltos onde se destacam os maciços de Gericinó e Pedra Branca, que fazem da região de Bangu uma das mais quentes do município do Rio de Janeiro (+ 40°) , Está, nessa região, o ponto culminante da cidade do Rio de Janeiro o Pico da Pedra Branca, localizada na serra de Bangu, maciço da Pedra Branca. Os principais rios são o Sarapuí (Rio das Tintas (Rio Caranguejo)), que nascem nesses maciços e drenam as baixadas Fluminense e de Sepetiba.
Essa região tem possibilidade de expansão econômica, social, politica e cultural...Historicamente, fez parte da estrutura criada para colonização, pelos portugueses, onde a organização social da colônia fundamentava-se num sistema dual em que uma minoria de donos de engenhos detinha o poder sobre uma massa de agregados e escravos, com elitização da educação sistemática...hoje, muitas mudanças ocorrem nos espaços físicos e humanos.
Essas terras faziam parte da paróquia Nossa Senhora do Desterro de Campo Grande, instituída em 1673, como desmembramento da freguesia de Nossa Senhora da Apresentação do Irajá e do termo de Jacarepaguá. Essa paróquia (Nossa Senhora do Desterro de Campo Grande) teve origem na capela particular mandava erigir por Manuel Barcelos Domingues (fundador da Fazenda Bangu e do Engenho da Serra).
Feira essa pequena dissertação histórica (muitas ainda serão levadas ao domínio publico). Passo a registrar o povoado de Realengo, que é o centro maior do interesse, até pelo título com que denominei a matéria: Realengo- Afinal qual a data correta e verdadeira, de sua fundação como pequeno povoado, constituído de sitiantes, posseiros, rendeiros, meeiros, escravos.
O livro "Era uma vez o Morro do Castelo", lançado recentemente nos deu pistas muito interessantes.
comprovadamente as denominadas " Terras Realengas" tem sua origem histórica , ao contrário de outros historiadores, pela Carta Régia de 27 de junho de 1814, através do qual Dom João, ainda príncipe, concedeu em sesmaria ao Senado da Câmara do Rio de Janeiro, os terrenos situados em Capo Grande, chamados de realengos porque, advindos da conquista territorial pela descoberta do País se encontravam incompletas ao patrimônio real.

A concessão das terras onde hoje é o bairro de Realengo central e periferia foram destinadas para servir de pastagem de gado bovino, fornecendo carne aos talhos, hoje conhecidos como açougues, da cidade.Essas terras foram proibidas de venda ou quaisquer outras formas de alienação obrigando-se a Câmara, por outro lado a fazer medir, Pelos mapas pesquisados e documentos reais afins, o povoado de Realengo foi limitado pelo Senado da Câmara do Rio de Janeiro, pela Provisão de 18 de julho de 1814, tomando posse a coroa dessas terras testadas para a Estrada de Santa Cruz e com fundos de vinte braças no máximo. Esses fatos constam do Relatório apresentado em data de 20de novembro de 1923, pelo Presidente da Comissão de Cadastro e Tombamento dos Próprios Nacionais.
Podemos afirmar, que extensa parte territorial de Realengo foi ocupada há mais de um século por órgãos do ministério do exército (antigo Ministério da Guerra), após a proclamação da República. A UNIÃO (Governo Federal) é proprietária das Terras Realengas, dentro do Limite Já exposto, preconizadas pelo relatório apresentado em data de 20 de novembro de 1923, pelo presidente da comissão do Cadastro e Tombamento dos Próprios Nacionais engenheiro José Maria de Beaurepaire Pinto Peixoto, relativo ao ano de 1922.
Como fato relevante, podemos provocar que nosso bairro teve seus primeiros povoadores escravos e emigrantes portugueses da Ilha dos Açores, vindos por ordem do príncipe regente dom João, mas tarde Dom João VI, em 20 de novembro de 1815. A data é uma coincidência.
Como se constata, Realengo surge antes de Bangu, como bairro, Campo Grande, Santa Cruz (esta comunidade é um capitulo a parte, com riqueza histórica transcendental).
O povoamento de Realengo é predominantemente português. Aqui eles chegaram para se dedicar a agricultura, para a pastagem, pelos grandes espaços vazios, abrindo caminhos em carros de bois, levando produtos como açúcar, rapadura, álcool, cachaça, derivados, pelo porto de Guaratiba.
Pelo que pude pesquisar, ao contrário das regiões que nos fazem limites, não houve um só engenho em Realengo. Tudo era levado para sofrer o processo de transformação, em outras propriedades.
Para se ter um referencial, Realengo vai comemorar em 20 de novembro de 2000, 185 anos de povoado. Certidão e Batismo de Realengo; 20 de Novembro de 1815.
Apenas como curiosidade, lembro que o município do Rio de Janeiro passa a ter mais um feriado municipal; 20 de Novembro em homenagem ao líder Zumbi dos Palmares. Por unanimidade os dez ministros do Supremo Tribunal Federal consideram constitucional o feriado, querela jurídica que se arrastava no Supremo desde 1994.


Carlos Alberto da Cruz Wenceslau
Prof. Emérito da Universidade Castelo Branco

obs. Transcrição integral do texto doado ao Dr. Luiz Sérgio. (Ao qual agradecemos a colaboração)

Escola Militar do Realengo

Com a necessidade Em 1913, objetivando unificar todas as escolas de guerra e de aplicação, foi criada a Escola Militar do Realengo, que formou a elite dos oficiais do Exército por quase quarenta anos. A Transição

Com a necessidade de se aperfeiçoar a formação do oficial para um exército que crescia e se operacionalizava, foi criada, em Resende, Estado do Rio de Janeiro, em 1º de janeiro de 1944, a Escola Militar de Resende, que passou a chamar-se, em 1951, Academia Militar das Agulhas Negras.

O Marechal José Pessôa Cavalcanti de Albuquerque, que, no posto de coronel, havia comandado a Escola Militar do Realengo (1930-1934), foi o grande idealizador da AMAN. Ele escolheu o local da nova sede e participou do projeto que a tornaria uma realidade. Merecem citação, entre outras realizações do então Coronel José Pessôa, o resgate do título de "Cadete", que fora abandonado quando da Proclamação da República, a adoção dos uniformes históricos e a criação do Espadim de Caxias, em uso até nossos dias.



Abaixo um arquivo em Pdf para baixar e ler sobre a Escola Militar. seu autor é Claudius Gomes de Aragão Viana

www.cpdoc.fgv.br/jornadadiscente/artigos/0105D.pdf

ou completa em http://cpdoc1.tempsite.ws/mosaico2/?p=406

Avenida Santa Cruz, antiga Estrada Real de Santa Cruz.

A Estrada Real de Santa Cruz – aberta pelo Intendente Geral da Policia, Paulo Fernandes Viana, sobre o caminho feito pelos jesuítas – é melhorada em grande extensão por Ignacio de Andrade Souto Maior Rendon; era a mais importante das que partiam da cidade. Tinha começo na Cancela, em São Cristóvão, passando por Benfica, Pilares de Inhaúma, Cascadura, Realengo, Santíssimo, Campo Grande e Santa Cruz. Dai se ligava a Itaguaí. A distância entre a Cancela e Santa Cruz era de doze léguas. Nesse trajeto, havia quatro pousos ou hospedarias: no Campinho, Realengo, Santíssimo e na Fazenda do Mato da Paciência, próxima ao termo. E entre as inúmeras fazendas que marginavam a estrada, se faziam notar a do Bangu e a do Viegas, em Campo Grande.

Realengo pelo profº. Helton Veloso

ORIGEM DOS NOMES: O nome REALENGO vem do fato de serem realengas as terras da região. Para muitos jurisconsultos, esses realengos não eram mais do que o “ager compascuus” — o “ager publicus” dos romanos, excluidos da distribuição das terras, para que as matas e pastagens fossem comuns a todos. Segundo Vieira Fazenda, o grande campo realengo representa um paralelogramo de 465 braças de comprido por 275 de largura.

ENGENHOS:
No vice-reinado do marquês do Lavradio, o mestre de campo Inácio de A. Souto Mayor apresentou, em 1777, uma relação dos engenhos da freguesia de Campo Grande: Engenho do Bangu, do Cel. Gregório de Moraes Castro Pimentel; Engenho de Viegas, de Manoel Freire Ribeiro; Engenho do Juari, de Vitorino Rodrigues Rosas; Engenho do Ca­buçu, de Úrsula Martins; Engenho de Inhoaíba, do Capitão António Nunes; Engenho do Guandu, de Francisco da Silva Sena; Engenho do Mendanha, do Capitão Francisco Caetano de Oliveira Braga, anteriormente do Capitão Luiz Vieira de Mendanha; Engenho das Capoeiras, de Anna Maria de Jesus; Engenho do La­meirão, de Mariana Nunes de Souza e herdeiros: 10º Engenho dos Coqueiros, de José Antunes Suzano.
nota do adm. do Blog : Isto nos revela que não havia um Engenho Real no bairro de Realengo, e que a abreviação do nome é crença popular.
fonte: pesquisas do professor HELTON VELOSO

ADVOGADO E PROFESSOR, HÉLTON ÁLVARES VELOSO ( DE CASTRO FOI DIRETOR DO COLÉGIO BELISÁRIO DOS SANTOS, UM DOS MAIS TRADICIONAIS E CONCEITUADOS ESTABELECIMENTOS DE ENSINO EM CAMPO GRANDE.

ESTUDIOSO E ATENTO PESQUISADOR DAS COISAS DA ZONA OESTE, FOI CONSIDERADO UM DOS MAIORES CONHECEDORES DA REGIÃO.
EXTAIDO DO JORNAL ZONA OESTE SOCIAL – EDIÇÃO HISTÓRICA – ANO III – N.O 72 – 15/11/1973