domingo, 15 de novembro de 2009

deu em outro Blog...

Você sabe o que significa REALENGO? Qual a origem desse estranho nome?

Dom Pedro I costumava ir para a fazenda de Santa Cruz pela estrada Real de Santa Cruz, que passava pelo Real Engenho, onde muitas vezes pernoitou.

"Engenho" era uma palavra muito grande. Assim a abreviatura usada era "Engo". E ficou "Real Engo" nas placas de orientação utilizadas na época.

Mas essa teoria é contestada por Brasil Gerson em "História das Ruas do Rio".

Na página 405 da 5ª edição deste utilíssimo livro encontramos:

"Não são poucos (e alguns de alta categoria intelectual) os que pretendem ver em Realengo um diminutivo, uma abreviação de Real Engenho. Porém, o manuseio dos documentos antigos, dos pedidos de sesmarias, principalmente, nos convencerá de que essa é uma teoria sem fundamento nesse particular, tal a insistência com que neles se fala de terrenos e campos realengos, destinados à serventia pública, e em maior número para a pastagem do gado por parte dos que não possuíam para isso terras próprias, e esses campos eram tanto onde ficaria sendo o Realengo dos nossos dias como perto da Igreja de Irajá, onde já os antepassados do Juca Lobo da Penha e outros criadores haviam protestado por causa de uma sesmaria dada a Manuel da Costa Figueiredo em terras que não podiam deixar de ser realengas..."

Consultando o Aurélio:

REALENGO - Bras. RS Sem dono; público. Em desordem; entregue às moscas; abandonado: Saiu, deixando o escritório ao realengo. [Do lat. vulg. *regalengu.]


Aquele Abraço

J. Carino

Atravesso o Rio como numa aventura. Deixo para trás uma cidade emparedada e me lanço em direção ao subúrbio. A Avenida Brasil me cobra uma pressa que eu não teria; me obriga a navegar rápido num mar de automóveis; não me deixa olhar com vagar essa estranha transição entre dois mundos que convivem na mesma cidade.

Aos poucos, a luz muda, a paisagem se transforma. Os prédios aglomerados cedem lugar às casas, essas singularidades arquitetônicas hoje cada vez mais escassas. E, no subúrbio, resiste-se à ditadura de uma homegeneização arquitetônica: uma puxadinha aqui, para abrigar mais um parente, um andar a mais para acolher a filha que casou…

Muitas casas, moradias eternamente inacabadas, em que a falta de emboço escreve nos tijolos aparentes a história da permanente falta de dinheiro.

Chego ao meu destino: Realengo. Na larga avenida, os muros altos e compridos a não mais poder escondem os quartéis, lugares sérios e proibidos ao menino que só queria não perder sua pipa ou seu balão.

Sim, ainda há pipas e balões no subúrbio. Essa humanidade profunda contida nas brincadeiras infantis; no cansaço nunca sentido depois das longas “peladas” jogadas em campinho de várzea; no sabor da fruta madura roubada dos quintais; no cheirinho que sobe depois da chuva nas ruas de terra – tudo isso está lá em Realengo, convivendo com o progresso, que invade, célere e inevitável, os redutos suburbanos.

Lá estão as moças bonitas, o papo no bar da esquina, e essa figura tão rara em outros cantos da cidade: o vizinho. Está lá esse ser da casa ao lado, da mesma rua. Esse alguém que empresta ovos e açúcar; que ajuda no mutirão da construção da casa. Essa pessoa que vai entrar na família, virando compadre, virando nora ou genro, chegando e ficando para sempre, dando alma e corpo à amizade.

Realengo está lá, e vale a pena saber que os bairros lá estão, cheinhos de gente muito boa, cuja pele sua no trabalho como escorrem as gotas na garrafa da “loura gelada”.

Volto de alma nova. E cantando com o Gil: Alô, alô, Realengo! Aquele abraço!


J. Carino é professor universitário

fonte: A postagem original é neste link, muito interessante,
http://www.almacarioca.com.br/realengo.htm

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