sábado, 14 de novembro de 2009

Realengo pelo profº Carlos Wenceslau


Realengo - Afinal qual a data de fundação como pequeno povoado?


Antes, vamos nos situar: A Zona Oeste do Município do Rio de Janeiro originou-se na capitania de São Tomé (doada a Pero Lopes de Souza, em 1534) limitada pelo Estado do Rio de Janeiro que fez parte da capitania de São Vicente (doada a Martins Afonso de Souza, em 1534).

O espaço geográfico da Zona Oeste, na atualidade consiste de 609,5 Km² (48% da área total do município do Rio de Janeiro). Nessa divisão espacial foi limitado o campo desse estudo, a região de Bangu (XVII RA.) composta pelos bairros de Vila Militar, Campos dos Afonsos, Jardim Sulacap, Magalhães Bastos, Realengo, Padre Miguel, Bangu e Senador Camará que corresponde a 122,369km², com uma população de 595.268 habitantes (Censo de 1991 do IBGE). ESTIMA-S 76,1% dessa população é alfabetizada e apenas 2,25% da população tem ensino superior restando 21,7% de população não escolarizada e analfabeta.
A economia da região possui uma rede de 4572 estabelecimentos industriais, comerciais e financeiros destacando-se, nas industriais, os gêneros vestuário, calçados e artefatos de tecidos, metalúrgica, produtos alimentares, mobiliários, editorial e gráfico. O quadro já reverteu, quer em ordens administrativas: desmembramentos educacionais.
O relevo da região é acidentado com locais de baixadas e de planaltos onde se destacam os maciços de Gericinó e Pedra Branca, que fazem da região de Bangu uma das mais quentes do município do Rio de Janeiro (+ 40°) , Está, nessa região, o ponto culminante da cidade do Rio de Janeiro o Pico da Pedra Branca, localizada na serra de Bangu, maciço da Pedra Branca. Os principais rios são o Sarapuí (Rio das Tintas (Rio Caranguejo)), que nascem nesses maciços e drenam as baixadas Fluminense e de Sepetiba.
Essa região tem possibilidade de expansão econômica, social, politica e cultural...Historicamente, fez parte da estrutura criada para colonização, pelos portugueses, onde a organização social da colônia fundamentava-se num sistema dual em que uma minoria de donos de engenhos detinha o poder sobre uma massa de agregados e escravos, com elitização da educação sistemática...hoje, muitas mudanças ocorrem nos espaços físicos e humanos.
Essas terras faziam parte da paróquia Nossa Senhora do Desterro de Campo Grande, instituída em 1673, como desmembramento da freguesia de Nossa Senhora da Apresentação do Irajá e do termo de Jacarepaguá. Essa paróquia (Nossa Senhora do Desterro de Campo Grande) teve origem na capela particular mandava erigir por Manuel Barcelos Domingues (fundador da Fazenda Bangu e do Engenho da Serra).
Feira essa pequena dissertação histórica (muitas ainda serão levadas ao domínio publico). Passo a registrar o povoado de Realengo, que é o centro maior do interesse, até pelo título com que denominei a matéria: Realengo- Afinal qual a data correta e verdadeira, de sua fundação como pequeno povoado, constituído de sitiantes, posseiros, rendeiros, meeiros, escravos.
O livro "Era uma vez o Morro do Castelo", lançado recentemente nos deu pistas muito interessantes.
comprovadamente as denominadas " Terras Realengas" tem sua origem histórica , ao contrário de outros historiadores, pela Carta Régia de 27 de junho de 1814, através do qual Dom João, ainda príncipe, concedeu em sesmaria ao Senado da Câmara do Rio de Janeiro, os terrenos situados em Capo Grande, chamados de realengos porque, advindos da conquista territorial pela descoberta do País se encontravam incompletas ao patrimônio real.

A concessão das terras onde hoje é o bairro de Realengo central e periferia foram destinadas para servir de pastagem de gado bovino, fornecendo carne aos talhos, hoje conhecidos como açougues, da cidade.Essas terras foram proibidas de venda ou quaisquer outras formas de alienação obrigando-se a Câmara, por outro lado a fazer medir, Pelos mapas pesquisados e documentos reais afins, o povoado de Realengo foi limitado pelo Senado da Câmara do Rio de Janeiro, pela Provisão de 18 de julho de 1814, tomando posse a coroa dessas terras testadas para a Estrada de Santa Cruz e com fundos de vinte braças no máximo. Esses fatos constam do Relatório apresentado em data de 20de novembro de 1923, pelo Presidente da Comissão de Cadastro e Tombamento dos Próprios Nacionais.
Podemos afirmar, que extensa parte territorial de Realengo foi ocupada há mais de um século por órgãos do ministério do exército (antigo Ministério da Guerra), após a proclamação da República. A UNIÃO (Governo Federal) é proprietária das Terras Realengas, dentro do Limite Já exposto, preconizadas pelo relatório apresentado em data de 20 de novembro de 1923, pelo presidente da comissão do Cadastro e Tombamento dos Próprios Nacionais engenheiro José Maria de Beaurepaire Pinto Peixoto, relativo ao ano de 1922.
Como fato relevante, podemos provocar que nosso bairro teve seus primeiros povoadores escravos e emigrantes portugueses da Ilha dos Açores, vindos por ordem do príncipe regente dom João, mas tarde Dom João VI, em 20 de novembro de 1815. A data é uma coincidência.
Como se constata, Realengo surge antes de Bangu, como bairro, Campo Grande, Santa Cruz (esta comunidade é um capitulo a parte, com riqueza histórica transcendental).
O povoamento de Realengo é predominantemente português. Aqui eles chegaram para se dedicar a agricultura, para a pastagem, pelos grandes espaços vazios, abrindo caminhos em carros de bois, levando produtos como açúcar, rapadura, álcool, cachaça, derivados, pelo porto de Guaratiba.
Pelo que pude pesquisar, ao contrário das regiões que nos fazem limites, não houve um só engenho em Realengo. Tudo era levado para sofrer o processo de transformação, em outras propriedades.
Para se ter um referencial, Realengo vai comemorar em 20 de novembro de 2000, 185 anos de povoado. Certidão e Batismo de Realengo; 20 de Novembro de 1815.
Apenas como curiosidade, lembro que o município do Rio de Janeiro passa a ter mais um feriado municipal; 20 de Novembro em homenagem ao líder Zumbi dos Palmares. Por unanimidade os dez ministros do Supremo Tribunal Federal consideram constitucional o feriado, querela jurídica que se arrastava no Supremo desde 1994.


Carlos Alberto da Cruz Wenceslau
Prof. Emérito da Universidade Castelo Branco

obs. Transcrição integral do texto doado ao Dr. Luiz Sérgio. (Ao qual agradecemos a colaboração)

19 comentários:

  1. Olá,

    Quanta saudade de Realengo... eu estudei na escola Nicarágua no início dos anos 80 (até hoje sei cantar o hino da Nicarágua)e sou apaixonada pelo bairro. Hoje moro em Brasília, mas a paixão continua. Algúem sabe de um casarão antigo abandonado, perto da linha do trem, lá na Estrada da Água Branca, próximo à Magalhães Bastos? Nos anos 70 eu era criança e tinha uma amiga que morava próximo à velha mansão. Ficava intrigada em ver aquela bela chácara abandonada no meio das casinhas humildes.
    Parabéns pelo trabalho,
    Geanine Souza

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    1. Oi Geanine eu também conheci o Casarão e passava em frente todos os dias para ir a Escola Mario Casassanta, na qual estudei com sua linda Irmã Liliane que Deus a transformou em um Anjo Lindo.Sinto saudades de vcs, da Mãe Aida e do Pai Valfredo, sou eu Renato que está na Marinha, sirvo em MS no comando do sexto distrito naval em ladario. Viajei o mundo e sei que vcs ainda estão em Brasilia.Estou tentando encontrar vcs. Meu email amorrenaluis@hotmail.com. Sou eu Renato de Oliveira.Que epoca boa podiamos ir a Escola a pé. Eu morava no fumacê e ia todo dia caminhando, vinha pela estrada da agua branca, passava na Padaria da Princesa Leolpoldina em frente ao Supermercado ADAMOR, pedia pão com doce de goibada, pasava pela linha do trem.Minha falecida mãe de criação trabalhava na clinica Magalhães Bastos.Fui para Rosa da Fonseca vc para o Nicarágua,mas vc era mais adiantada um ano.Tenho saudades de vcs me ligue se puder. A muito tempo que tento encontrar vcs de novo.Tenho um fiho de 25 anos que está no Rio e uma filha linda que nasceu na Bahia e está aqui comigo e minha esposa. Me ligue se puder...Beijos para a Mãe e o Pai....Saudades!!!!

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  2. Obrigado pelas palavras...vamos ver se alguem lembra deste Casarão? e conheça nosso outro trabalho. http://pro-realengo.blogspot.com

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    1. Luiz eu ainda moro em Realengo e lembro muito bem deste Casarão,que ficava localizado na Rua Princesa Leopoldina,tinham Leões na sua fachada e algumas Carrancas,infelizmente não temos nenhum meio de tentar localizar fotos deste Casarão que hoje se transformou em CIEP,poderia ter sido tombado pelo Patrimônio Histórico,pois acredito que ele tenha sido parte da História não só de REALENGO,mais tbm do BRASIL.

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  3. geanine, aqui em realengo tinha um casarão antigo com de leão e uma mulher ecima do muro na rua princesa leopoldina proximo a linha do trem mais ele foi demolido e canstruido um ciep ( brizolão)

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  4. Maique, Muito obrigada,
    Cheguei a pensar que a casa era fruto de minha imaginação. Ninguém lembrava dela. Sou professora e sei o quanto é importante ter um Ciep aí na região , mas fico triste que o casarão tenha sido demolido. Creio que conhecer a história dele fosse impotante para a Cultura do Rio que, certamente, não é só Cristo Redentor e Copacapana.
    Se alguém tiver uma foto da casa, por favor mande para geaninesouza@bol.com.br com o assunto "Casarão de Realengo". Valeu Maique!!!!!

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    1. OI Geanine, sou Miguel era vizinho em Magalhaes Bastos. filho da Nelsinda e do Hélio. lembra de mim? eu estava no ponto junto com sua mãe e sua irma naquele dia fatídico. so não sofri o acidente porque meu pai passou e me levou para a escola.

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    2. continuo morando no mesmo lugar ,ao lado da sua antiga casa

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  5. TEMOS QUE DIVULGAR A HISTÓRIA DE NOSSO BAIRRO, POIS SÓ ASSIM O PODER PÚBLICO FICARÁ CIENTE DA IMPORTÂNCIA DO BAIRRO NA HISTÓRIA DO RIO DE JANEIRO E DARÁ A ATENÇÃO NECESSÁRIA QUE REALENGO MERECE.

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  6. Oi Geanine.
    Compartilho com você a saudade de Realengo, onde estudei na minha infância no Curso Wenceslau. Hoje moro em Brasilia e tenho muitas saudades certamente em breve vou voltar a minhas origens.

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  7. Nossa esse blog é o máximo, eu estudei na Corsino do Amarante,1961,19662 e por aí vai,a Corsino tem uma parte que era casa de D.Pedro, o chão era de tabua corrida ,deveria ter sido tombado, mas infelizmente não aconteceu.Parabéns pelo blog, maravilhoso.

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  8. Este comentário foi removido pelo autor.

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  9. Olá!

    Estava fazendo uma pesquisa e me deparei com este artigo, do qual gostei muito.

    Mas tive uma dúvida, por conta dos parênteses. Há um trecho em seu artigo que diz "Os principais rios são o Sarapuí (Rio das Tintas (Rio Caranguejo))". O professor está falando de 3 rios diferentes ou de um mesmo rio que ganha nomes diferentes por onde passa? Ou ainda, o Caranguejo e o das Tintas são afluentes do Rio Sarapuí?

    Fico no aguardo da resposta, pois não encontrei material sobre a hidrologia da Zona Oeste. Muito obrigada pela atenção!

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  10. Olá também vivi toda a minha infância em Realengo, estudei na escola Nicarágua nos anos oitenta.
    Recentemente fiz a minha Monografia sobre a origem do bairro Realengo, e foi muito gratificante conhecer parte da História de Realengo. Descobri que o Padre Miguel foi um grande colaborador no desenvolvimento do Bairro.
    Se alguém quiser ler acesse: Recanto da Letras - autora: RivandaSiqueira- Postei a História em quatro atos desde aIntrodução atéo capítulo III.
    Abraços

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  11. Olá Geanine também estudei na Mario Casassanta junto com sua irmã querida Liliane,fomos felizes, dançamos no dia dos professores, tenho saudades da Mãe Aida e do Pai Valfredo,agora estou servindo em Ladario MS pela Marinha, vivi minha infancia em Realengo e tenho muitas recordações do Casarão que parecia mal assombrado.Vim de Realengo para cá transferido com minha esposa e filha Iasmim, minha baianinha que eu trouxe de Salvador.Viajei pelo mundo,mas sempre lembro da minha Infância em Realengo e Magalhães Bastos.Gostei muito deste blog, pois tive a oportunidade de reencontrar vc.

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  12. Olá a todos, boa tarde.

    Aqui está uma foto do Casarão para que possam matar saudades:
    http://www.facebook.com/bairromagalhaesbastos

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  13. Prezados,
    Preciso de uma biografia do professor Wencesláu. Gostaria de saber qual é a sua formação. É para uma pesquisa que estou desenvolvendo sobre historiadores da ZO. Quem puder me indicar uma fonte segura, agradeço.

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  14. Eh impresionante com tanto tempo esses comentarios claro que precisamos continuar a pesquisa do wenceslau até faz citacoes principiantes muita coisa ja se escreveu depois dele que apresenta uma visao positivista da historia sem relacionar a fazenda do viegas centro de reproducao de escravos com suas palmeiras imperiais simbolizando a defesa do poder imperial por se apriximar da republica
    Hoje, me refiro a 2020 sabendo que o Rio Sarapui se mistura aos Caranguejo,Catarino e piraquara no desembocar da baia da guanabara saindo da cachoeira do barata percorrendo varios sub-bairros de realengo que pelo abandono secular das ditas autoridades gracadas pela politicalha que impera no Brasil e em particular na Zona Oeste do rio de Janeiro vemos pessoas mortas com as enchentes como vejo em minha frente as imagens desse destroco carros e casas sendo dragadas pela forca das aguas
    Basta lembrar que por muito tempo emquanto morador participamos desde os anos 80/90 pela dragagem do rio catarino que ate hoje nao aconteceu bem como a trsnsformacao da area da antiga fabrica de cartucho em um parque de realengo verde,area publica que vem servindo apanas para especulacao imobiliarias doa milicos que se apripriram da capemi - uma vergonha nacional em detrimento da propria natureza.
    Eh essa historia que precisa ser contada na sua relacao presente com o passado e vice-versa.

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  15. É só saudades!!Velhos tempos, belos dias é incomensurável.

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