terça-feira, 8 de maio de 2012

Lilico criador do bordão: Alô, Alô Realengo: Aquele abraço!


"Tempo bom não volta mais..."
Olívio Henrique Fortes

Lilico
(Rio de Janeiro em 08/10/1937 - Cabo Frio em 23/09/1998).
por Luiz Fortes

Nascido Olívio Henrique Fortes, Lilico foi um garoto pobre que vendia balas nos programas de auditório da Rádio Nacional e tornou-se humorista por acaso. Um dia no final dos anos 50, como não havia calouros suficientes para o programa “Trem da Alegria”, apresentado por Lamartine Babo, Lilico se candidatou e improvisou cantando um samba de Jorge Veiga. Foi um sucesso e começou aí sua carreira. Depois de várias participações em programas de rádio, ele foi convidado pelo criador do Teatro de Bolso, Geisa Bôscoli, para estrelar uma comédia teatral. O prêmio: um refrigerante e uma cocada. 

    
O homen do Bumbo "A praça é nossa".
Programa Balança Mais não Cai.
A partir daí, Lilico fez vários espetáculos cômicos e chegou à TV em 1968 no programa “Balança Mas Não Cai”. Participou, também, do programa comandado por Célia Biar na TV Globo, “Oh, Que Delícia de Show” que, depois, passou a se chamar “Alô Brasil, Aquele Abraço”, usando o bordão criado por Lilico e depois usado por Gilberto Gil na sua popular canção.

   
O Lilico. Conhecido como "O homem do bumbo", transformou seus bordões em sucesso nacional. “São dele as expressões ,“Alô, Alô, Realengo! Aquele abraço” , “Tempo bom não volta mais” e “É bonito isso!”. Suas gags renderam-lhe muito mais do que a fama como comediante. Nos anos 70, durante a ditadura militar, foi convocado a prestar esclarecimentos na Polícia Federal por causa da frase "Tempo bom não volta mais" — pensava-se que talvez fosse uma referência ao período democrático pré-1964. Mais tarde, brigou Justiça os direitos autorais sobre a expressão "Aquele abraço", título de uma música de Gilberto Gil.  Em quarenta anos de carreira, Lilico passou pela TV Excelsior, Globo e SBT. (até pouco tempo antes de sua morte no programa “A praça é Nossa”.
Com seu bumbo ele contava piadas e filosofava.

Lilico morreu de problemas cardíacos, aos 61 anos.
 
Fontes: http://veja.abril.com.br/300998/p_037.html

Nt. Fonte caseira: Cresci ouvindo minha mãe (Zilda Bastos Fortes) falar de Lilico, e sempre que aparecia na televisão, mencionava que conheceu ele ainda criança aqui em Realengo, atuando no teatro da casa paroquial do Padre Miguel. (coincidentemente compartilhamos o mesmo sobrenome, sem ligações sanguíneas.)  
 E vejam que coisa sensacional. Então o bordão “Alô , alô Realengo: Aquele Abraço! foi criado por um filho da terra, ganhou o Brasil através da TV e eterniza-se através da canção do baiano Gilberto Gil. Podemos dizer em alto e bom som que ALÔ, ALÔ REALENGO É COISA NOSSA.
E eu Luiz Fortes (criador do Pró-Realengo) fico ainda mais feliz pois além da homenagem do Gil sabemos agora que perpetuamos em nossa logomarca (um abraço simbólico ao bairro por moradores.) também uma marca criada por um Realenguense.

pesquisa de: Luiz Fortes (criador e administrador do Blog Pró-Realengo)

"Aqui a explicação do próprio Compositor Gilberto Gil. Publicada em seu site". 

“Meses depois de solto, eu vim ao Rio tratar da questão da saída do Brasil com o Exército. Na manhã do dia da minha volta para Salvador, fui visitar Mariah Costa, mãe de Gal; ali, na casa dela, eu ideei e comecei Aquele Abraço. Finalmente eu ia poder ir embora do país e tinha que dizer ‘bye bye’; sumarizar o episódio todo que estava vivendo, e o que ele representava, numa catarse. Que outra coisa para um compositor fazer uma catarse senão numa canção?


“No avião mesmo eu terminei a música, escrevendo a letra num papel qualquer, um guardanapo, e mentalizando a melodia. Tanto que é uma melodia muito simples, quase de blues; como eu não dispunha de instrumento, tive que recorrer a uma estrutura fácil para guardar na memória. Quando cheguei à Bahia, eu só peguei o violão e toquei; já estava comprometido afetivamente com a canção.”


“Aquele abraço, Gil!” – “Era assim que os soldados me saudavam no quartel, com a expressão usada no programa do Lilico, humorista em voga na época, que tinha esse bordão. Ele até ficou aborrecido com a música; achou que deveria ter direito à canção. Mas eu aprendi a saudação com os soldados. Eu não tinha televisão na prisão, evidentemente, mas eles assistiam o programa; eu só vim a ver depois, quando saí.”


Retificação ratificada – Não foi no quartel de Realengo que Gil e Caetano ficaram presos, e sim no de Marechal Deodoro. “De todo modo”, diz Gil, “a idéia em Aquele Abraço era citar um local qualquer da zona norte do Rio (onde ficamos), um daqueles beira-estrada-de-ferro (Beira Central, Beira Leopoldina), e Realengo é um deles. Uma associação inexata, feita por aproximação; eu nem queria me referir ao lugar certo onde havia ficado preso.”


Uma canção de quarta-feira de cinzas – “O reencontrar a cidade do Rio na manhã em que nós saímos da prisão e revimos a avenida Getulio Vargas ainda com a decoração de carnaval foi o pano de fundo da canção. Na minha cabeça, Aquele Abraço se passa numa quarta-feira de cinzas; é quando o ‘filme’ da música é em mim mentalmente locado.”


The three tops – “Aquele Abraço é uma das músicas minhas mais populares, a mais tocada e o segundo mais vendido dos meus discos (compactos). Uma das três gravações minhas que ficaram em primeiro lugar nas paradas de sucesso durante maior tempo (dois meses; eu já estava na Europa). As outras são Xodó (três meses, em 73), da autoria do Dominguinhos e Anastácia, e Não Chore Mais (cinco, em 78), versão que fiz para uma música cantada pelo Bob Marley. Foram as três mais vendidas também.”