Sua missão na Terra chegou ao fim em 31/12/2022, mas sua estada entre nós foi marcante, pois ensinaste a muitos admiradores de música importantes detalhes.
Conheci Zé Russo, quando eu ainda era adolescente, ele tinha um comércio em Realengo, onde além de consertos eletrônicos vendia discos. *Jettor Eletrônica* eu trabalhava em outra loja de discos a Top-Som Foto discos e os donos Tião e Mauro (na foto) e ele, eram amigos e eu ficava intrigado com aquele homem de grande estatura e porte forte lembrando mesmo um europeu (seria essa a origem do apelido?) .
Pois o Zé apesar desse porte físico, era calmo falava pausado, sem pressa e tinha muito sendo de humor, contava algumas piadas e era sincero..."olha essa marca de som é uma porcaria quer mesmo consertar?"
"Esse disco é péssimo, esse cara não canta nada!" ...ah, ah, ah... só devia falar isso para os amigos, pois do contrário espantaria sua clientela.
O Zé Russo foi um dos grandes incentivadores da música instrumental em Realengo pois tinha contato com diversos músicos que vinham a seu convite tocar de graça no Grêmio de Realengo, nas Segundas instrumentais, conheci vários músicos (como por exemplo o baterista Luiz Carlos (na foto) e Jamil Joanes baixista da Banda Black Rio que vi muitas vezes tocarem aqui em Realengo), ou Robertinho Silva, filho de Bangu e de renome internacional. Lembro que o cantor Carlos Dafé, ao lançar seu primeiro disco pela Warner, convidou-o a ouvir em primeira mão e o Zé me arrastou junto pra Irajá (boas lembranças).
As segundas e depois terças instrumentais tinham o apoio do Beto e Gugu, com quem fui várias vezes ouvir música no grande salão do Zé, lá tinha no mínimo oito caixas de som, aparelhos diversos interligados, gostava de gravar os discos em fitas de rolo, pois a qualidade era bem superior.
E tinha um detalhe marcante, ele sempre pedia pra sentarmos numa poltrona estrategicamente colocada no centro da sala. Ele explicava que ali era onde você teria a audição de todo o som e sim.. ele estava correto, uma sensação incrível.
Me ensinou a dar valor ao silêncio aos mínimos detalhes da música, aos instrumentos que não ficam em primeiro plano...ou seja ouvir música pra mim seria como AZ/DZ, (antes e depois) das dicas do Zé Russo.
Lembro que era bem família, volta e meia falava ao telefone com as filhas que já tinham crescido e tinha o maior orgulho delas.
Na foto: Zé Russo, Tiãozinho, Mauro, Luiz Carlos (batera) e eu Luiz (sentado), em uma das muitas audições em sua casa..
Complemento: Se os familiares por um acaso escrevessem em sua lápide: Aqui Jazz... Faria todo o sentido.