terça-feira, 5 de março de 2024

A FÁBRICA DE REALENGO por Luiz Orlando de Almeida

 

foto cedida por Zé Russo (em memoria)
Hoje vamos resgatar detalhes de como eram ocupados os espaços da antiga Fabrica de cartuchos, que atualmente abriga, o condomínio Parque Real, O Colégio Pedro II, o IFRJ e agora o Parque de Realengo Suzana Naspolini.

A FÁBRICA  DE REALENGO

  (por Luiz Orlando de Almeida)

           

Luiz Orlando - foto Luiz Fortes
O antigo Ministério do Exército tinha no seu organograma, vários Departamentos que dirigiam um grande número de Diretorias. A Diretoria de Fabricação e Recuperação tinha sob a sua subordinação várias Fábricas e Arsenais para cumprirem a tarefa de fabricar e recuperar o Material Bélico do Exército. Dentre as Fábricas havia a muito importante e famosa Fabrica de Realengo.
foto Luiz Fortes

 



 A Fabrica de Realengo tinha   a tarefa de fabricar munição  de infantaria,   para todo o  Exército Brasileiro, a chamada  munição para o  armamento   leve, (fuzil, metralhadora, etc.)

 Iniciou suas atividades com sede em Campinho, Cascadura, e mais tarde   foi transferida para Realengo. Depois de estabelecida em nosso bairro,   ocupou algumas das instalações da Antiga Escola Militar de Realengo,   que haviam ficado desocupadas em virtude da transferência da Escola   Militar para Resende quando se transformou na Academia Militar das Agulhas Negras.

Iniciou com o nome de Fábrica de Cartuchos de Infantaria para mais tarde se tornar Fábrica de Realengo. Com um grande número de funcionários de ambos os sexos e de várias categorias, ocupava quatro grandes áreas onde realizava suas atividades. As áreas eram assim denominadas.


foto Luiz Fortes

Área 1, na Rua Bernardo de Vasconcelos, destinava-se mais a parte administrativa, com o gabinete do Diretor, dos chefes dos Departamentos Técnico e Administrativo, as chefias de vários Serviços e também Tesouraria, Almoxarifado, posto Médico etc. nesta área estavam instaladas as antigas oficinas de munição .30 e 7mm, que depois da segunda grande guerra mundial os armamentos que susavam esse tipo de munição foram caindo em desuso. Havia, também, um Armazém Reembolsável e uma padaria que funcionavam nessa área para atendimento aos funcionários.

Luiz Orlando - foto Luiz Fortes
Área 2, na Avenida Santa Cruz, destinava-se a parte social. Nesta área tínhamos o Serviço de Transportes, a Escola Maternal e a Escola de Aprendizagem Industrial que se destinavam aos filhos dos funcionários, o Serviço Social e um grande Refeitório onde todos os funcionários faziam duas refeições diárias: Tomavam o café da manhã e o almoço, um campo para prática de esportes e duas quadras para futebol de salão, voley e basquete.


Área 3, na Rua Oliveira Braga (atual prof. Carlos Wenceslau) era destinada diretamente à produção industrial da fábrica. Várias oficinas formavam essa  grande área. As duas maiores e de Grande importância eram as que fabricavam munições dos calibres 7,62 e o .

foto Luiz Fortes
foto Luiz Fortes
 50 das quais a Fábrica era especialista em todo os Exército Brasileiro. Além das munições acima citadas, havia a fabricação e o carregamento das cápsulas para essas munições e o carregamento de alguns tipos de granadas, cujos corpos eram fabricados na antiga Fábrica do Andaraí. Essa área, a mais extensa das quatro existentes, além do que foi dito acima havia também uma moderna Casa Balística, onde eram feitas as provas para verificação da eficácia da munição produzida, uma grande granja para atendimento dos funcionários, uma seção de desmancho de munição refugada ou que havia perdido a validade para uso e o contingente Especial com um grupo de , sargentos cabos e soldados que eram escalados para a guarda das quatro áreas da fábrica.

Área 4,  na rua Princesa Imperial. Esta um pouco afastada, se localizava no outro lado da linha férrea da estação de Realengo (lado norte), continha vários Paióis e se destinava ao armazenamento de munições e explosivos.

Pela década de oitenta, foi criada a IMBEL, (Indústria de Material Bélico) uma empresa particular, da qual o Exército era um dos acionistas e fiscalizava a produção do quere era fabricado. Todas as fábricas militares passam a pertencer a IMBEL. Depois de vários estudos, as comissões criadas para esse fim verificaram que não era vantajosa a continuação das atividades em algumas Fábricas sendo incluída nesse grupo a fábrica de Realengo. Em consequência a F.R. foi desativada. Os seus funcionários, militares e civis, foram transferidos para outras Organizações Militares do Exército e as áreas com os imóveis tiveram vários destinos. Podemos dizer que a desativação da F.R. deixou muitas saudades aos seus antigos funcionários e também a todo o povo de Realengo que a tinha com muito orgulho e era uma grande tradição no nosso bairro.

Fonte dessa consulta: Capitão R1 Luiz Orlando de Almeida

Histórico: Em 1951, com 14 anos entrou na Escola de aprendizagem Industrial, em 1953, concluiu o curso de Mecânica Industrial da EsAI, em 1954 iniciou suas atividades como funcionários civil da F.R., em 1957, após concurso foi promovido à graduação de #º Sargento do Quadro de Material Bélico, em 1982, já como oficial, e com a desativação da F.R. foi transferido para outra Unidade Militar.

(Solicitamos que além das redes sociais, deixem aqui também seus comentários)

Aqui um depoimento em vídeo, que tive o prazer de registrar com os ex-funcionários da FR. 

Luiz Orlando e Maria Inês. onde relatam como era o cotidiano da fabrica. 



 

3 comentários:

  1. Eu tive tios vizinhos q trabalharam na fábrica de Realengo,pois moro em Realengo e tenho vizinho
    s q contam muitas histórias desta fábrica eu me bastava no apito da fábrica para chegar na hora certa no colégio

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  2. Sou Iara... Morei na Vila Operária na casa 28 (casas da Fábrica de cartucho de Realengo). Os apitos eram o aviso de que meu paizinho Sr. Pedro (Seu Lica) estava saindo do trabalho.
    Saudade do meu Pai... nostalgia me invadiu...

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  3. Eu nasci em 1965 e as 1as lembranças que tenho já são dos locais desocupados.
    Ainda peguei um.pouco do funcionamento da fabrica ali onde hoje é o colégio Pedro II. A entrada era pela rua dr Lessa.

    Mas rapidamente tudo aquilo ficou abandonado e cercado por tapumes.

    Passaram-se décadas e nada mais funcionava ali. Eu estudei em bangu durante o final do ano de 1979 a 1982 e ao passar ali onde hoje é o colégio só via ruínas de dentro do ônibus.

    Eu frequentava a igreja N Sra da Conceição ali na praça e lembro que por ali Tb tinham ruínas.

    Uma pena os prédios não terem sido preservados!!

    Eu gosto muito da histórias dos bairros cariocas e, principalmente, a de realengo me toca mais pq nasci no bairro e vivi muita coisa ali.
    Rotinas diversas, Carnaval, a Missa na Igreja, a vida !
    Resolviamos tudo em Realengo.

    O Bairro teve a ajuda de um personagem MT importante que foi o Padre João Kribin, um irlandês muito dedicado às comunidades de Realengo e Magalhães Bastos.
    Ele ajudou demais a região a ter a Escola técnica federal (hoje o IFF) e o colégio Pedro II.

    A vida passou e sai do bairro, fui fazer a minha jornada trabalhando no Centro, depois em outros lugares e agora com MT satisfação retornei a ter a minha rotina ligada ao bairro que eu nasci e tanto orgulho eu tenho!

    Hoje trabalho em Realengo onde durante a minha infância e adolescência existiu aquele local cheio de ruínas que a gente passava na frente dentro dos ônibus e só dava pra ver a chaminé e as partes altas dos prédios abandonados...

    Quis o destino que eu viesse a trabalhar no Colégio Pedro II de Realengo !!

    Voltei às minhas origens.

    Da fábrica de cartuchos já ouvi tanta história !

    Realengo é um bairro repleto de muita história.

    ❤❤❤❤

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